O que é planejado?

Acompanhando o meu filho Téo, aos 17 anos de idade, sendo levado a decidir o que vai querer fazer da vida, sou remetido às minhas escolhas na mesma situação – e suas consequências.

O que importa aqui não é fazer uma autobiografia acadêmica e profissional (ainda que seja quase inevitável), menos ainda uma defesa de minhas escolhas pessoais. O que importa é refletir sobre como, às vezes, é pelas veredas mais tortuosas que encontramos os inesperados e fundamentais sentidos para a nossa vida.

O momento do Téo, o ENEM, é o de escolha do que ele vai estudar pelos próximos anos. No que, futuramente, vai se tornar profissional. E ele escolheu estudar cinema. Maravilha!

Particularmente, como professor universitário, acompanhei muitas mudanças de rumo ao longo dos quase vinte anos nos cursos em que lecionei (arquitetura, desenho industrial, belas artes). Eu mesmo escolhi, também aos 17 anos, fazer vestibular para arquitetura e desenho industrial.

Ingressei no curso de arquitetura e urbanismo com 18 anos (desisti do desenho industrial). Logo comecei a estagiar e a trabalhar com desenho, cenário e ilustração. Tranquei a faculdade três anos depois e viajei para estudar (autonomamente) artes visuais. Na volta fiz as primeiras exposições e performances.

Alguns anos depois, já casado com a Silvana, cursava artes cênicas quando conheci a Bel. Em 1990, dirigi duas peças onde ela era protagonista.

Então me separei. Fiz mestrado em comunicação e cultura. Trabalhei na Embratel. Comecei a dar aulas nos cursos de arquitetura e desenho industrial. E, no final de 95 (no meu aniversário de 32 anos), reencontrei a Bel – meu grande amor, com quem compartilhei os 20 anos seguintes.

Nessa trajetória resumida posso dizer que, desde as primeiras, todas as escolhas foram fundamentais para a minha formação e a minha vida, mas, também, que não segui carreira profissional como arquiteto (graduação, de 1982 a 85), teórico do teatro (graduação, de 87 a 90), ou jornalista (mestrado, de 93 a 95). Em artes visuais, com que sempre trabalhei, fui autodidata, comecei a dar aulas com 21 anos e me tornei professor universitário em 95. Somente, muitos anos depois, já com 37 anos, é que cursei um doutorado na área (de 2001 a 04).

Mas o mais importante é que foi no curso de graduação em teatro que conheci a Bel. E esse foi o fato mais significativo da minha vida. Não fosse isso, não seria hoje o que sou – e mais me orgulho de ser: pai do Téo.

Vai fundo filho!

Navegar é preciso, viver não é preciso.